Desde sempre, enxerguei que podia inverter, converter, subverter o uso de materiais para criar minhas joias.
Por que um fecho de colar devia ser algo secundário numa peça?! Por que deveria ficar na parte de trás do colar!? Escondido!
Por que uma pedra - ou uma gema - deve ser sempre facetada translúcida; de grande valor agregado!?
Uma drusa de ametista sem grande valor comercial - produzida em alguma cooperativa de Artesanato Mineral que trabalhei na implantação, Brasil adentro - pode ser um descarte, ou como sub produto. Produzo com ela um fecho para ser usada na frente do colar de pérolas, surgindo o inesperado.
Noite com muitos designers, imprensa, convidados e ótima recepção no Shopping D & D dia 21.
Com tudo ou com nada, posso fazer joia!
Penso em joias. Escrevo joias.
Cada material me inspira a estudar suas características, sua interação com metais nobres.
Madeiras diferentes, recolhidas de caçambas de demolição - muitas nobres - consquitaram espaço nos desenhos que fiz para essas marchetarias.
Contrapor as linhas retas da madeira com a sinuosidade do metal; salpicar pequenas esmeraldas, como gotas de orvalho por toda a joias.
Tratar as formas, com minhas fortes características urbanas, me deu muito prazer no resultado, que permitiu ainda criar as embalagens e os convites da Exposição desta coleção.
Leio as últimas páginas (com muito pesar) de "A conquista da felicidade" de Bertrand Russell. Muitos motivos, alguns emotivos me fazem pensar na passagem do tempo. Por vezes me pego imaginando o quanto fiz! O quanto vivi! O que deixei para trás... O livro me fez desmistificar essas idéias!
Vasculho gavetas em busca de desenhos esquecidos, de fotos das jóias que criei e não me lembrava, de matérias primas que um dia comprei, de anotações que fiz.... Encontro fotos como dessa jóia da Coleção Chapada Diamantina (que se recriou inúmeras vezes nestes nos últimos 21 anos).
Um pequeno pedaço de jaspe vermelho, um resíduo sem valor, transformou-se no desenho que imaginei. Lapidado pelas mãos hábeis de um artesão e eu transformei em um broche. Muitas das minhas coleções surgiram diante da exuberância da natureza que pude conviver desenvolvendo o Projeto de Artesanato Mineral da Bahia. Projeto esse idealizado e construído pelo sonho e a força do Hélio Azevedo. Parceiro de todos os momentos!
Começava os anos 80 e São Paulo me "adotava" como meu lar. Em contra ponto ao trabalho que desenvolvia como designer para a indústria, continuava a fazer minhas criações artesanalmente. Escolho as pedras que uso pela identidade do com meu trabalho, indiferente a qualidade gemológica ou raridade.
Nesta Coleção Paulicéia inspirei-me em duas paixões: o MASP e a Avenida Paulista. O verde da ágata em tubo usada representa o Parque Trianon.
A garagntilha tem pingente removível que pode ser adaptado a colares de pérola, esferas de pedra ou outros tipos, dando assim liberdade de uso.